POLVOS TERAPÊUTICOS : PROJETO POLVO DO AMOR

PROJETO POLVO DO AMOR

Resumo

Tipo de Trabalho: Relato de experiência exitosa

Eixo Temático: Ações de Humanização voltada ao paciente e ao colaborador

Autores: Viviane Azevedo Coleto, Milena Santos Patto de Goes Barreto e Silvia M. Bresciani Rabechini. ^.

Afiliação: Hospital e Maternidade Sotero de Souza – São Roque.

Descritores: polvo terapêutico, humanização, terapia, maternidade, berçário.

Introdução: A prematuridade e as complicações advindas dela são uma das principais causas de mortalidade infantil no Brasil e no mundo. Entendemos por prematuridade o nascimento de um bebê antes de 37 semanas de gestação, contadas a partir do primeiro dia do último período menstrual. Sendo a segunda causa de morte em crianças menores de 5 anos tendo o primeiro mês de vida como o momento mais crítico para o óbito.

As unidades neonatais ao redor do mundo vêm buscando medidas para redução do impacto do afastamento materno, afim de garantir um melhor vinculo mãe e bebê e tentando garantir um melhor desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo.

O polvo terapêutico é apresentado ao bebê para que o mesmo possa se sentir mais tranquilo e confortável ao segurar os tentáculos do objeto, remetendo ao acolhimento e aconchego por estarem encostados em seu corpo.

Objetivo: Acalentar e levar conforto aos recém-nascidos e principalmente aos prematuros internados. Esse é o objetivo do “Projeto Polvo de Amor”, em que pequenos polvos feitos de crochê são disponibilizados para serem colocados nos berços dos bebês do alojamento conjunto e nos internados.

Método: Em março de 2017 a “receita do polvo de crochê” foi traduzida para o português por uma equipe de neonatologistas e artesãs do Distrito Federal, encontrando-se disponível no site do projeto The Danish Octo Project responsáveis pela sensibilização do projeto pelo mundo.  Dentro do cronograma pedagógico do curso de enfermagem da Universidade UNINOVE da disciplina materno-infantil foi realizado o estudo e apresentação do projeto do polvo terapêutico, os quais foram confeccionados seguindo a receita original traduzida, sendo utilizadas linhas 100% algodão de cores variadas, oito tentáculos com 20 a 22 cm de comprimento. Foram considerados aptos a receber os polvos recém-nascidos prematuros ou não, portadores de quadros patológicos que os levassem a permanecer mais do que 72 horas dentro da Unidade Neonatal. Cada recém-nascido recebe o seu e o leva para casa no momento da alta como lembrança da sua vitoriosa hospitalização. Os polvos passam por processo de higienização antes de serem entregues na própria lavanderia hospitalar. São lavados a cada 5 dias.

Resultados: Após a consolidação do projeto de doações pelos alunos de enfermagem e ajuste na unidade a meta é realizar um ensaio clínico com monitorização dos bebês avaliando os sinais vitais do recém-nascidos antes e depois da exposição do polvo e avaliando frequência cardíaca, respiratória, saturação periférica de oxigênio e escala de dor.

Discussão: Até o momento ainda não há estudos científicos mostrando as vantagens do uso desses pequenos brinquedos na estabilização clínica dos recém nascidos prematuros. Entretanto, os polvos de crochê têm sido usados como brinquedos desde 2013 na Dinamarca e em alguns países da Europa sem nenhum relato de infecções ou danos à saúde dos bebês. O uso dos polvos de crochê é algo lúdico, ou seja, ele é ainda considerado um brinquedo e, portanto, não é uma terapia para o bebê prematuro. Não substitui técnicas consagradas como o Método Canguru e o contato pele a pele mãe bebê.

Conclusão: O uso de uma estratégia simples, com um protocolo de cuidado estabelecido, parcerias e afeto podem trazer conforto e bem-estar a recém-nascidos e suas famílias. A integração entre alunos e funcionários foi importante para observarmos a sensibilização e a humanização entre os colaboradores, os estudantes, bem como o binômio mãe-RN, com fundamentação científica e um olhar diferenciado e individualizado do atendimento prestado, priorizando o bem-estar do RN e criando um ambiente acolhedor e aconchegante. Entendemos que este projeto incentiva ações humanizadas e menos “robotizadas”, contribuindo para um atendimento de excelência.

Referências:

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes de estimulação precoce [Internet]. 2016. 184 p. Available at: http://portalsaude.saude. gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/sas/saude-da-pessoa-com-deficiencia/noticias-sau‑de-da-pessoa-com-deficiencia/26148-diretrizes‑ -de-estimulacao-precoce-criancas-de-zero-a-tres‑ -anos-com-atraso-no-desenvolvimento-ne.

Toso BRG de O, Viera CS, Valter JM, Delatore S, Barreto GMS. Validação de protocolo de posicionamento de recém-nascido em Unidade de Alojamento e Berçário com Brinquedos Terapêuticos. Rev Bras Enferm [Internet]. 2015;68(6):1147–53. Available at: http://www.scie‑lo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034‑71672015000601147&lng=en&nrm=iso&tlng=pt.

Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Políticas de Saúde, Área Técnica da Saúde da Criança. Manual do curso: atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso: Método Canguru. Brasília (DF); 2001.

Brasil. Ministério da Saúde. Humaniza SUS. Política Nacional de Humanização. Documento para Gestores e Trabalhadores do SUS [Série B: Textos Básicos de Saúde]. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.

Guimarães GP, Monticelli M. (Des)motivação da puérpera para praticar o Método Mãe-Canguru. Rev Gaúcha Enferm. 2007;28(1):11-20.