PARAMNÉSIA REDUPLICATIVA EM PACIENTE COM ESQUIZOFRENIA: UM RELATO DE CASO

Autores

  • Gicela Bezerra Hospital Geral de Carapicuíba
  • Camila de Camilo Hospital Geral de Carapicuíba
  • Catherine Frankel Hospital Geral de Carapicuíba

Resumo

INTRODUÇÃO: A síndrome delirante de identificação incorreta pode incluir diversas outras, como as síndromes de Capgras, déjà-vu e a paramnésia reduplicativa. Duas ou mais síndromes de identificação incorreta podem estar presentes no mesmo paciente.

O objetivo deste estudo consiste em relatar o caso de um paciente com esquizofrenia que apresenta e coexistência destas síndromes, quadro pouco comum na prática clínica, além de revisar o tema de forma resumida.

RELATO DE CASO:

Paciente do sexo masculino, 45 anos, foi internado na enfermaria de psiquiatria com um relato de não reconhecer sua família como sua, estar vivendo em outro mundo idêntico ao seu original, além de uma sensação persistente de déjà-vu. Possui diagnóstico de esquizofrenia desde os 18 anos e nunca aderiu ao tratamento medicamentoso proposto.

Aos 43 anos passou a referir sensação de já ter presenciado algumas situações antes, além de crer que família havia sido substituída por sósias e que estaria vivendo em um mundo duplicado, semelhante em tudo ao seu mundo original. Abandonou o convívio familiar e com frequência saía a esmo procurando um caminho de volta para seu mundo.

Exames laboratoriais e tomografia computadorizada de crânio demonstraram ausência de alterações, assim como exame físico neurológico. Foi instituída terapia medicamentosa além de abordagem multidisciplinar, com melhora dos sintomas ansiosos e depressivos, mas crenças delirantes persistiram.

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO:

Apesar de estar relacionada a alguns transtornos psiquiátricos, a paramnésia reduplicativa é frequentemente associada à doenças neurológicas estruturais e envolve a presença de delírios, sensação de familiaridade e duplicação de lugares e objetos1,2. A síndrome de Capgras é caracterizada pela crença de que uma pessoa real foi substituída por uma réplica idêntica - um impostor3. Seu mecanismo fisiopatológico ainda é incerto, mas pode envolver a integração anormal de novas informações visuais com memórias passadas nas áreas de processamento facial do lobo temporal e frontal direitos e sistema límbico4.  A sensação de déjà-vecu – forma patológica de déjà-vu, na qual pacientes acreditam ter vivido o momento atual em algum momento anterior, pode assumir um caráter delirante, representando uma forma de paramnésia reduplicativa de tempo.

O caso apresentado, além de envolver a interação de múltiplas síndromes de identificação incorreta, fenômeno pouco comum, coloca em foco a necessidade de debate e investigação sobre a formação de novas memórias - assunto do qual pouco se conhece na prática clínica. Compreender a patogênese dos fenômenos abordados na psiquiatria é uma prioridade, uma vez que por muito tempo pouco avanço científico foi feito nessa área, atrasando e dificultando o desenvolvimento de tecnologia diagnóstica e terapêutica a fim de melhorar a qualidade de vida e o prognóstico dos pacientes.

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Publicado

2023-07-28

Como Citar

Bezerra, G., de Camilo, C., & Frankel, C. (2023). PARAMNÉSIA REDUPLICATIVA EM PACIENTE COM ESQUIZOFRENIA: UM RELATO DE CASO. Anais De Eventos Científicos CEJAM, 1. Recuperado de https://evento.cejam.org.br/index.php/AECC/article/view/256