TERAPIA COMUNITÁRIA PARA A MELHOR IDADE

Autores

  • Karen Moura Píres de Oliveira CEJAM
  • Tania Moreira; Sandra Aguilar; Debora Cunha; Fernanda Aminadabe; Mayara Barbosa; Thiago Sodré

Palavras-chave:

atenção primária a saude, terapia comunitária, saúde física e mental

Resumo

Nos últimos anos, a longevidade vem aumentando significativamente, sendo o crescimento exponencial do número de idosos um acontecimento constatado no mundo inteiro (1).

As alterações demográficas e o aumento da esperança média de vida da população, acarretam inúmeros desafios aos indivíduos e à sociedade, traduzindo-se, a nível individual, no aumento da longevidade, e a nível coletivo, nas mudanças e deficiências das relações sociais e familiares com repercussões também econômicas (1). O que sinaliza a importância do olhar integral para a pessoa idosa e compreender que a preservação da sua autonomia e vivência social estão relacionados com sua saúde física e mental e consequentemente, com seu grau de dependência dos filhos e parentes que por sua vez são jovens adultos com demandas pessoais e estão inseridos ativamente no mercado de trabalho, com outras atribuições que demandam do dia a dia que necessitam de disponibilidade de tempo. Localizado no extremo sul da zona sul de São Paulo, em uma região com perfil socioeconômico desfavorável, com alta incidência de violência e vulnerabilidades sociais, a Unidade Básica de Saúde Parque do Lago é considerada pelos próprios moradores como dormitório, com poucos comércios e esses na sua grande maioria informais. O meio de transporte público também é limitado, aumentando o uso dos serviços disponíveis no território que por sua vez se dividem em escolas, igrejas e a unidade de saúde. A falta de aparelhos de lazer e convívio social é percebida na ociosidade também do público jovem e na sua procura por distrações repletas de riscos e vícios. A população idosa não fica longe dessa problemática, a escassez de aparelhos de lazer e convívio social voltado para esse grupo é bem expressiva. É possível contar com a disponibilidade de voluntários e profissionais que trabalham no núcleo de convivência para idosos do território, porém só esse equipamento não é suficiente para sanar as necessidades encontradas, o que permite que essa população fique propensa a ter sua saúde mental prejudicada, justamente pela ausência de convívio social, atividades rotineiras, momentos de lazer e descontração. É uma preocupação crescente dos profissionais de saúde a depressão em idosos, devido seu constante aumento. A depressão pode ser responsável pela perda de autonomia e agravamento de quadros patológicos já previamente existentes, estando assim associada ao aumento de morbilidade e mortalidade, o que também impacta no aumento da utilização dos serviços de saúde, negligência do autocuidado e menor adesão ao regime terapêutico, gerando assim consequências negativas na qualidade de vida do idoso (1,3). A população da UBS Parque do Lago está em torno de 10.023 habitantes, desses 1.469 são idosos, cerca de 15%, o que justificou a necessidade de qualificar a assistência prestada e principalmente ações que visassem a prevenção e a promoção da saúde mental dos nossos idosos (2). O objetivo do desenvolvimento desse trabalho é oferecer assistência e convívio social, resgatando esse nicho da população para o serviço e principalmente promovendo saúde mental.

A Terapia Comunitária é uma abordagem terapêutica para comunidade com finalidade de promover a atenção primária em saúde mental. Funciona como fomentadora de cidadania, de redes sociais solidárias e da identidade cultural das comunidades carentes, através de equipes institucionais públicas, privadas ou trabalho voluntário (4). Na unidade, a terapia comunitária é realizada pela enfermeira Tania Moreira, que atua nessa unidade desde 2002 e aplica terapia comunitária há 11 anos. Ela vem agregando novos pacientes para o grupo e profissionais que manifestam interesse nessa área, mantendo o grupo ativo. O trabalho é desenvolvido através da integração da equipe de saúde da família, agente comunitário de saúde, agente de promoção ambiental, equipe de odontologia e nutricionista. O grupo de terapia comunitária acontece regularmente a cada 15 dias na unidade. O grupo é conduzido pela enfermeira e terapeuta comunitária Tania Moreira, e a mesma promove ações conforme a temática do mês e atividades de promoção e prevenção a saúde. Durante o grupo é estimulado um momento onde os idosos falam e se ouvem, estabelecendo assim conexões e vinculo. Os demais profissionais que trabalham no desenvolvimento do grupo não são todos da mesma equipe, o que favorece e estimula a participação de usuários que fazem parte de outras equipes de saúde da família, através da ampla divulgação dentro do território. Esses profissionais também realizam outras práticas integrativas como: Mindfulness e Tai Chi Chuan, que são realizadas por duas ACSs, Deborah Cunha e Sandra Regina. Também é promovido um momento de descontração e arteterapia, com declamação de poemas e cantigas, pelos ACSs Thiago Sodre e Fernanda Aminadabe. É desenvolvido artesanato pelo auxiliar de enfermagem Luiz Paulo, o agente de promoção ambiental Jhon Teles e a ACS Mayara Barbosa, que além de apoiarem nas demandas do grupo, esses profissionais também cuidam de uma horta dentro do terreno da unidade, juntamente com os pacientes que participam do grupo. A nutricionista Sandra Aguilar estimula atitudes e atividades pela melhora da qualidade de vida, com dicas de alimentação nutritiva, reaproveitamento dos alimentos e hábitos saudáveis. E a equipe de odontologia realiza rotineiramente uma abordagem de prevenção e cuidados com a saúde bucal. Resultados A prática da terapia comunitária, a fidelização e regularidade desses encontros, tem promovido aos participantes um momento de conexão de grande valor e de troca entre eles, devido as afinidades e vivências semelhantes pela faixa etária.Na terapia existe a possibilidade de ouvir e falar, de continuar aprendendo e inovando. Todo encontro se reforça uma infinidade de oportunidades e de motivos pra seguir em frente. Permitindo um espaço que propicia a fala e expressão do sofrimento, dos conflitos, das possibilidades de soluções e sem risco do julgamento e da exclusão. O respeito e a valorização de cada história, de cada vivência é fortalecido a cada novo encontro.  Os grupos de convivência exercem um papel fundamental no que diz respeito à amenização do estresse, ao apoio que proporcionam a seus participantes, ao fortalecimento de vínculos sociais e à conquista de novas amizades. Também auxiliam o processo de autoconceito e de autoestima, proporcionado um aprendizado de comportamentos saudáveis que estimulam e fortalecem a autonomia (5). Portanto, esses grupos tem importância relevante na melhora da qualidade de vida dos nossos idosos. Temos em média de 20 a 27 pessoas idosas que estão fidelizados ao grupo, e apresentam inclusive uma maior aceitação a terapêutica sugerida, com um acompanhamento de saúde mais eficaz e eficiente. Esse projeto agregou valor também para a equipe de profissionais que com a resposta dos pacientes referem maior estimulo, engajamento e motivação para realizar melhorias na assistência prestada. Um trabalho de muitas mãos, que tem um propósito em comum: levar saúde mental e promover saúde e bem estar para a melhor idade.

Bibliografia

1.

 

 

 

 

2.

Barros SM, Sampaio LVP, Freitas ER, Carvalho G de A, Gomes L de O. O Envelhecer na Sétima Arte: O Capitão América e seus Retratos Biopsicossociais. Licere [Internet]. 2022;24(4):716–41. Disponível em: http://dx.doi.org/10.35699/2447-6218.2021.37742

 

PEP. [internet]. Versão:5.100.5.32066. CEJAM. FastSaúde. São Paulo: FastMedic; 2023 [acesso em 17 jan 2023]. Disponível em: https://www.cejamcloud.com.br/pep

 

 

3.

 

 

 

4.

Depressão em idosos não institucionalizados no distrito de Bragança / Depression in non-institutionalized elderly people in Bragança district Folgado. Em: Bragança; s.n; 20210000 il, tab. Tese em Português | BDENF - Enfermagem |.

 

Unesp [Internet]. Unesp.br. [citado 17 de janeiro de 2023]. Disponível em: https://www.fclar.unesp.br/#!/unidade-auxiliar/terapia-comunitaria/

 

 

5.

Silva Júnior EG da, Eulálio M do C. Resiliência para uma Velhice Bem-Sucedida: Mecanismos Sociais e Recursos Pessoais de Proteção. Psicol Ciênc Prof [Internet]. 2022;42. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703003234261

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Publicado

2023-07-31

Como Citar

Moura Píres de Oliveira, K., & Tania Moreira; Sandra Aguilar; Debora Cunha; Fernanda Aminadabe; Mayara Barbosa; Thiago Sodré. (2023). TERAPIA COMUNITÁRIA PARA A MELHOR IDADE. Anais De Eventos Científicos CEJAM, 1. Recuperado de https://evento.cejam.org.br/index.php/AECC/article/view/268

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)