O IMPACTO NA SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ATUANDO NO TRATAMENTO DOS PACIENTES ONCOLÓGICOS

Saúde Mental e Humanização

Autores

  • Juliana Bressani Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (CEJAM), Hospital Estadual Dr. Albano da Franca Rocha Sobrinho, Ambulatório de Oncologia, Franco da Rocha, Brasil
  • Lívia Nascimento Silva Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (CEJAM), Hospital Estadual Dr. Albano da Franca Rocha Sobrinho, Ambulatório de Oncologia, Franco da Rocha, Brasil

Palavras-chave:

saúde mental, saúde do trabalhador, oncologia, enfermagem

Resumo

O IMPACTO NA SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ATUANDO NO TRATAMENTO DOS PACIENTES ONCOLÓGICOS

Eixo temático: Saúde mental

Autores: Juliana Bressani Ramos Cunha de Oliveira, Lívia Nascimento Silva.

Afiliação: Oncologia, Hospital Estadual “Dr. Albano da Franca Rocha Sobrinho”. Franco da Rocha, CEJAM, SP, Brasil.

Descritores: saúde mental; profissionais de enfermagem e pacientes oncológicos.

Introdução: O desenvolvimento do cuidado ao ser humano exige dos profissionais de enfermagem responsabilidade, profissionalismo, afetividade e humanização diante do enfermo, sendo necessárias ações de qualidade, com envolvimento e comprometimento profissional considerando as individualidades de cada paciente. As ações de enfermagem devem ir além das rotinas, do desenvolvimento de procedimentos e técnicas, sendo importante a implementação de cuidados que valorizem a relação interpessoal, a comunicação, as trocas e a empatia entre os profissionais e os pacientes. Os profissionais de enfermagem que prestam assistência a pacientes oncológicos vivenciam diversas situações que fazem aflorar sentimentos de compaixão, dor e sofrimento. Dentre as situações causadoras de medos e incertezas aos profissionais, destacam-se as que se associam à natureza da doença, à complexidade do cuidado e o grande envolvimento com os pacientes e seus familiares. Esses sentimentos podem gerar desgaste físico e mental do profissional e, consequentemente, um grande esgotamento podendo desenvolver problemas de saúde desencadeados por essa situação. Saura et al (2022), em estudo desenvolvido num serviço hospitalar oncológico brasileiro com 442 profissionais da equipe multidisciplinar, identificaram que os profissionais que apresentaram maiores fatores associados ao esgotamento mental foram aqueles que presenciaram maior número de óbitos, conflitos no seu ambiente de trabalho, entre outros. O número de óbitos dos pacientes oncológicos somado a recorrência tumoral e a debilidade dos pacientes trazem aos profissionais um sentimento de impotência diante da dor do outro. Diante disso, os profissionais da enfermagem buscam maneiras de se comportar frente ao sofrimento e perspectiva da morte no cotidiano do trabalho, sendo imprescindível o preparo emocional do profissional a fim de oferecer a melhor assistência possível, considerando o valor terapêutico de um ambiente tranquilo e seguro para a equipe, pacientes e familiares (SALIMENA et al., 2013).  O presente estudo avaliou as seguintes questões norteadoras: impactos emocionais diante óbito do paciente; recursos de enfrentamento utilizados para que a rotina com os pacientes não interfira na vida pessoal. Objetivo: Identificar os impactos emocionais e recursos de enfrentamento dos profissionais de enfermagem atuantes no cuidado ao paciente oncológico. Método: Trata-se de um estudo descritivo exploratório com abordagem qualitativa, desenvolvido no Ambulatório de Oncologia do Hospital Estadual dr. Albano da Franca Rocha Sobrinho.  Os dados foram coletados no período de dezembro/2023 a junho/2024 em uma etapa única que consistiu na realização de um grupo de apoio junto aos profissionais da enfermagem, conduzido pela psicóloga da unidade de oncologia ambulatorial. Resultados: Foram realizados grupos de apoio no Ambulatório de Oncologia do Hospital Estadual Dr. Albano da Franca Rocha Sobrinho entre os meses de dezembro/23 a junho/24 com profissionais da área de enfermagem, que atuam diretamente no cuidado ao paciente oncológico. Na análise dos relatos dos participantes foram identificados sentimentos de impotência, angústia, inseguranças, porém também, coragem e satisfação perante a execução da atividade profissional, auxiliando pacientes e familiares ao longo do processo de adoecimento. Discussão: A assistência de enfermagem no ambiente hospitalar requer do profissional expertise, atenção constante, agilidade, tomada de decisão e execução concomitante de diversas tarefas, entre outras particularidades que resultam em altas demandas psicológicas. A complexidade assistencial e o atendimento a todas as necessidades humanas básicas que envolvem, inclusive, suporte emocional e orientações ao paciente, extensivos à sua família, quando associados ao desgaste físico, demandam esforço significativo dos profissionais para o enfrentamento das dificuldades e para a prevenção do adoecimento laboral. Oliveira et al (2021), realizaram entrevistas com seis profissionais de enfermagem atuantes em hospital oncológico da Paraíba onde observaram que no enfrentamento emocional da equipe de enfermagem foi possível conhecer as experiências vividas pelo enfermeiro no meio hospitalar ao cuidar de pacientes com câncer, experiências essas, que contribuem para o sofrimento psíquico do mesmo, ficando evidente que os enfermeiros estão expostos a diversos sentimentos como tristeza, angustia, mas também em algumas situações procuram ser fortes, encorajar os pacientes, ter empatia e serem positivos. Através desse trabalho ressalta-se a importância do cuidado à saúde mental dos profissionais de enfermagem, diante os impactos emocionais vivenciados durante o tratamento oncológico do paciente. Conclusão: O enfrentamento das dificuldades vivenciadas pelos profissionais de Enfermagem requer ações, estratégias e intervenções, individuais e institucionais, que favoreçam a identificação de recursos para a superação das adversidades. A capacidade para o enfrentamento depende do aporte oferecido ao profissional e das demandas do contexto e requer a implantação de programas de intervenção com vistas à promoção de estratégias de enfrentamento focadas na superação das vulnerabilidades. Os achados reforçam a relevância das ações institucionais na promoção de um ambiente saudável e seguro aos trabalhadores de enfermagem, enfatizando a importância de abordar aspectos relacionados à saúde do trabalhador por meio de atividades de educação permanente. Grupos de apoio podem melhorar a qualidade de vida no trabalho da equipe de enfermagem, trazendo impactos positivos à assistência prestada ao paciente e ao bem-estar biopsicossocial do profissional oncológico.

Referências Bibliográficas:

  • Mello RCC, Reis LB, Ramos FP. Stress in nursing professionals: the importance of the organizational climate variable. Gerais Rev Interinst Psicol. 2018;11(2):193-207. https://doi.org/10.36298/gerais2019110202
  • Brocchi PMLP. Saúde ocupacional em oncologia: um estudo sobre estresse, enfrentamento e resiliência [Dissertation]. Brasília: Universidade de Brasília; 2017 [cited 2022 Dec 4]. Available from: https://repositorio. unb.br/handle/10482/24886
  • SALIMENA, A. M. O. et al. O  vivido  dos  enfermeiros  no  cuidado  ao  paciente oncológico. Cogitare Enferm., Curitiba, v. 18, n. 1, p. 142-176, 2013.

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Publicado

2024-07-23

Como Citar

Bressani, J., & Nascimento Silva, L. (2024). O IMPACTO NA SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ATUANDO NO TRATAMENTO DOS PACIENTES ONCOLÓGICOS: Saúde Mental e Humanização. Anais De Eventos Científicos CEJAM, 11. Recuperado de https://evento.cejam.org.br/index.php/AECC/article/view/596